Depois dos 30

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Ontem respondi que tinha 30 anos, com toda convicção. Me dei um ano, oito meses e quatro dias a menos vividos diante de uma jovem professora de natação, que com os seus 22 anos atléticos e muito bem distribuídos em um corpo ‘acadêmico’ e bonito, teima em falar sobre as suas gorduras inexistentes . Acordei hoje, me olhei no espelho e observei a quantidade de cabelos brancos que rondam a minha cabeça e, antes que eu pudesse decorrer qualquer sentimento negativo contra eles, me lembrei da mentira natural de ontem. E só consegui pensar em como é bom ter 31 anos. Pois na realidade crua, nunca estive tão fora do peso – sim, as minha calças não me deixam mentir – mas a gordura, as bochechas redondas, as roupas perdidas, o padrão na lata de lixo não impedem de me olhar no espelho e conseguir afirmar: eu nunca fui tão bonita!

Com cabelos brancos ou não, rechonchuda ou não, o cabelo nunca foi tão bonito, a alegria nunca foi tão genuína, meus traços nunca foram tão definidos e eu nunca fui tão eu! Morar sozinha e viver em momentos de silêncio completo, trabalhar por conta e projetar o que eu acredito… meus cheiros, meus sonhos formam quem eu sou hoje. Envelhecer é bom e deveria ser palavra de ordem, ao contrário do medo da velhice e do peso da balança que ronda a nossa sociedade.

– Vai passar, meu jovem! Se você não se apegar, as neuras irão passar e envelhecer será bom. Os cabelos brancos serão amigáveis e você até irá jurar que tem dois anos a menos do que você realmente tem.

Ilustração: Rita Wainer

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